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O descarte incorreto de lixo ocasiona danos irreversíveis ao meio ambiente. Algumas das entidades que atuam na contramão disso são o Departamento Municipal de Limpeza Urbana e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade de Porto Alegre. Elas buscam, por meio de projetos, promover a conscientização na sociedade.

Quem Sou

Os seres humanos são responsáveis por produzirem cerca de 600 gramas a um quilograma de lixo por dia, de acordo com a associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE). O lixo residencial é um dos principais tipos de resíduos gerados. Ele é concebido a partir de matérias orgânicas, como resto de alimentos, e também por embalagens, vidros e papéis. O descarte incorreto desses rejeitos causa danos irreversíveis ao meio ambiente, como a contaminação do solo, das águas e a poluição atmosférica. Além disso, essas ações afetam diretamente o trabalho das cooperativas, que precisam redobrar os cuidados e a mão de obra para que tudo seja separado corretamente. 

A população de Porto Alegre  produz quase 2 mil toneladas de resíduos por dia. Desse total, 56 toneladas são de resíduos recicláveis. O restante dos materiais são lixos orgânicos e rejeitos.  Além disso, segundo dados do Departamento Municipal de Limpeza Urbana, no ano passado, foram recolhidos em média 19.051 toneladas de produtos que podem ser reciclados. 

A separação correta do lixo é um ato de compaixão com a natureza e com as futuras gerações. E um dos órgãos responsáveis pela realização dos serviços de limpeza pública da cidade é o DMLU. Ele foi criado em 1975, vinculado à Secretaria de Obras e Viação. Para contribuir com o papel fundamental que o cidadão desempenha, a empresa oferece coletas por tipo de resíduos, em todos os bairros da cidade. 

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Além da coleta paga que pode ser solicitada, os materiais que não forem recolhidos também recebem tratamento adequado. O DMLU faz o recolhimento dos resíduos em cerca de 200 comunidades por mês, por meio do projeto Bota-Fora. Esse trabalho também é realizado pelas Unidades de Destino Certo (UDC), também chamadas de Ecopontos, localizados em nove pontos da cidade. 

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (SMAMS) de Porto Alegre foi a pioneira no Brasil. Ela foi criada, em 1976, como um setor responsável pela proteção, controle e coordenação de projetos que visam o desenvolvimento urbano da cidade. O seu pioneirismo contribuiu para que outros municípios reconhecessem a importância da pauta ambiental. Hoje, a participação no Fórum Secretários de Meio Ambiente das Capitais Brasileiras (CB27) que inclui as 26 capitais brasileiras mais o Distrito Federal, reforça o debate e o apoio entre as secretarias. 

 

Os serviços de limpeza auxiliam a manutenção dos espaços da cidade, impedindo a proliferação de vetores - como mosquitos, ratos e moscas - que são causadores de doenças. Eles também contribuem para evitar o entupimento de bueiros e os alagamentos. Outro problema que envolve o lixo são os agentes químicos presentes nos resíduos que emitem gases tóxicos - como o gás metano que em contato com o solo pode causar a sua contaminação, além de poluir o ar. Além disso, esses materiais gasosos contribuem com o efeito estufa (GEE), um processo físico que ocorre quando parte da radiação infravermelha é emitida pela superfície terrestre e é absorvida por gases presentes na atmosfera. 

O PAPEL DAS COOPERATIVAS E EMPRESAS PRIVADAS

O trabalho conjunto entre empresas privadas e cooperativas de reciclagem fortalece a relação dos indivíduos com a cidade, tornando-a mais livre da poluição. Entretanto, a disparidade salarial entre esses setores e as condições de serviços reforçam ainda mais o distanciamento social entre os trabalhadores.

 

De acordo com dados do portal da transparência do governo, em 2019 a coleta seletiva realizada por empresas privadas teve o custo anual de R$ 9.697.131,70. Já a realizada por 16 associações e cooperativas, com 600 catadoras e catadores de materiais recicláveis contratadas teve o valor de apenas 10% em relação ao contrato de coleta seletiva, sendo o valor médio R$ de 700.000,00 anual

Os catadores e recicladores são fundamentais para a destinação correta do lixo. Eles, além de contribuírem com a saúde pública, fornecem material reciclável, o que reduz os gastos municipais. No entanto, o trabalho realizado por essa classe ainda não é bem remunerado. Diante disto, fica evidente a necessidade de investimento em parcerias e cooperativas. Essa estratégia pode levar a um crescimento e desenvolvimento desse tipo de trabalho. Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a relação com associações é uma atuação com duas vertentes.

“Por parte da SMAMS, no processo de licenciamento ambiental das unidades de triagem. Já o DMLU atua como responsável pela operacionalização das políticas públicas relacionadas aos resíduos domiciliares”.

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Uma das maneiras de estimular a responsabilidade e conscientização civil para o destino correto dos resíduos é a criação de projetos que permitam a redução do impacto do lixo. Por meio de atividades educacionais, por exemplo, é possível ilustrar como a produção demasiada de resíduos afeta em grande escala a sociedade. O próprio DMLU atua, por meio de palestras públicas, em escolas, na divulgação dos programas de coleta seletiva e Bota-Fora em  comunidades, além de promover a capacitação para servidores públicos e privados.

 

O MTRCC on-line é uma ferramenta digital que permite a monitoração e a fiscalização dos resíduos de construções civis, da geração até o destino final. O sistema permite de forma rápida e simples a identificação desses produtos, o que gera mais segurança para o meio ambiente. Conforme dados da SMAMS, em 2019, a plataforma recebeu cerca de 1.100 cadastros responsáveis por transportar 36 mil toneladas de resíduos adequadamente. 

PANDEMIA OCASIONA AUMENTO DA MÉDIA MENSAL DE COLETA DE RESÍDUOS SECOS EM PORTO ALEGRE

Apesar do isolamento social e do fechamento de muitas instituições como medida de segurança sanitária, a quantidade de resíduos recicláveis recolhida na capital gaúcha já ultrapassa a média mensal de 1,2 mil toneladas. Somente no mês de março, foram produzidas 1,4 mil toneladas. Além disso, em setembro, a quantidade de lixo seco recolhido nas coletivas seletivas ficou 3,1% acima do volume obtido nos meses anteriores.

Ruth Marlene Campomanes, professora da UFRGS e doutora na área de reciclagem de materiais poliméricos, explica essa aparente contradição entre a paralisação de alguns setores com o aumento de lixo seco. “De fato houve uma diminuição no resíduo urbano proveniente dos serviços não essenciais, como shoppings, lojas, feiras, escolas e universidades. No entanto, com as pessoas isoladas em casa, o consumo domiciliar de resíduos secos aumentou”.

Entre os lixos recicláveis produzidos pelas pessoas, em isolamento social, destacam-se as embalagens e pacotes de produtos comprados na internet. Somente no período de março a julho, o número de brasileiros que realizaram compras domésticas aumentou de 11% para 31%, de acordo com dados disponibilizados pelo Serasa.

A pandemia impactou também a coleta de resíduos orgânicos. Segundo um levantamento feito pela Prefeitura de Porto Alegre, – no período de 18 de março a 31 de maio- enquanto houve um aumento de 5,7% na coleta de materiais recicláveis, foi observada uma queda de 6,5% na coleta de lixo orgânico. Esses dados são interessantes porque indicam que a população está criando consciência de que nem tudo que geramos é lixo. Os resíduos secos, por exemplo, podem ser reciclados e transformados em outros produtos.

Esse aumento na coleta de resíduos recicláveis também contribuiu com o trabalho dos catadores e recicladores. “Apesar de algumas cooperativas e associações suspenderem as atividades durante a pandemia, muitos trabalhadores não pararam, pois dependiam dessas atividades para o seu sustento. E havendo uma participação maior da população na separação correta dos resíduos, facilita todo processo", pontua Ruth.

Outro fenômeno observado na capital gaúcha é que ela não segue o padrão de redução de resíduos do Brasil. Segundo uma estimativa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), o país, durante a pandemia, diminuiu em 17% a produção de resíduos. Entretanto, em algumas cidades, como Porto Alegre, algumas instituições geraram 200% a mais se comparado ao período anterior à pandemia.

Leia a parte 2 da reportagem,

sobre o consumo do lixo reciclável durante a pandemia

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PANDEMIA AUMENTA A PROCURA POR PLÁSTICO

A desaceleração do setor petroquímico devido à pandemia provoca a diminuição da produção de plástico.  O item é utilizado na confecção de protetores faciais, embalagens, vasilhames, entre outros objetos que estão sendo mais requisitados durante a pandemia.

Uma das alternativas para diminuir a demanda por plástico virgem é a utilização do plástico reciclado. No entanto, para produzir esse tipo de material reciclado o custo é de 83 a 93% superior ao que seria gasto com o plástico virgem, segundo dados da Independent Commodity Intelligence Services (ICIS).

Apesar dos polímeros (nome científico do plástico) serem utilizados para confecção de vários objetos de uso cotidiano, nem todo tipo de plástico pode ser reciclado. Existem dois grandes grupos para esse tipo de material, de acordo com as características de fusão e derretimento: termoplásticos e termofixos ou termorrígidos. Somente os termoplásticos – grupo maior - são recicláveis a altas temperaturas.

Os termoplásticos podem passar por dois tipos de reciclagem. A primeira é a reciclagem energética, cujo destino do material é sua conversão em energia térmica e/ou elétrica. Já a reciclagem química ou reciclagem terciária é o processo que envolve a transformação de um resíduo em matéria-prima. No caso dos polímeros, durante essa fase, o material pode ser dissolvido com o acréscimo de outras substâncias solventes ou com a aplicação do calor.

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Além de nem todo tipo de polímero ser reciclável e dos gastos envolvidos na produção de plástico reciclado, o custo com os processos de limpeza do material podem inviabilizar o processo. “Existem alguns produtos que se tornam inviáveis reciclar, como por exemplo, as fraldas descartáveis. Elas são materiais poliméricos que podem ser reciclados, porém, o processo de limpeza se torna inviável economicamente”, destaca Ruth Marlene Campomanes.

INFORMATIVO

- Todas as solicitações e reclamações relacionadas à coleta de resíduos domiciliares e à coleta seletiva devem ser realizadas pelo telefone 156, para que possam ser encaminhadas e atendidas. 

- Na Carta de Serviços da Prefeitura, também é possível localizar as duas opções e encontrar informações detalhadas sobre como proceder.

Lixo – Coleta Seletiva

https://prefeitura.poa.br/carta-de-servicos/lixo-coleta-seletiva

 

Lixo – Recolhimento

https://prefeitura.poa.br/carta-de-servicos/lixo-recolhimento

Leia a parte 2 da reportagem,

sobre as cooperativas de reciclagem

Reportagem

Andressa Mendes, Émerson Santos, Filipe Pimentel e Thaynan Schroeder

Diagramação

Andressa Mendes

Infográficos

Thaynan Schroeder

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